A cena passa-se em 1890.
A família está toda reunida na sala de jantar.
O senhor Rodrigues palita os dentes, repimpado
numa cadeira de balanço. Acabou de comer como um
5 abade.
Dona Bernardina, sua esposa, está muito
entretida a limpar a gaiola de um canário belga.
Os pequenos são dois, um menino e uma
menina. Ela distrai-se a olhar para o canário. Ele,
10 encostado à mesa, os pés cruzados, lê com muita
atenção uma das nossas folhas diárias.
Silêncio.
De repente, o menino levanta a cabeça e
pergunta:
15 — Papai, que é plebiscito?
O senhor Rodrigues fecha os olhos
imediatamente para fingir que dorme.
O pequeno insiste:
— Papai?
20 Pausa:
— Papai?
Dona Bernardina intervém:
— Ó seu Rodrigues, Manduca está lhe
chamando. Não durma depois do jantar, que lhe faz mal.
25 O senhor Rodrigues não tem remédio senão abrir
os olhos.
(...)Trecho. AZEVEDO, Arthur. Plebiscito. In: “Contos fora da moda”, Editorial Alhambra – Rio de Janeiro, 1982, pág. 29. Disponível em: http://www.releituras.com/aazevedo_menu.asp. Acesso: em 03 out. 2016.
O termo que substituiria, sem alterar o sentido, o elemento sublinhado em “O senhor Rodrigues não tem remédio senão abrir os olhos” (linhas 25-26) é