Leia o texto a seguir.
Os melhores de entre nós, quando escutam Homero ou qualquer poeta trágico a imitar um herói que está aflito e
se espraia numa extensa tirada cheia de gemidos, ou os que cantam e batem no peito, sabes que gostamos disso,
e que nos entregamos a eles, e os seguimos, sofrendo com eles, e com toda seriedade elogiamos o poeta, como
sendo bom, por nos ter provocado até o máximo, essas disposições. [. . . ] Mas quando sobrevém a qualquer de
nós um luto pessoal, reparaste que nos gabamos do contrário, se formos capazes de nos mantermos tranquilos e
de sermos fortes, entendendo que esta atitude é característica de um homem [. . . ]?
PLATÃO. A República. 605 d-e. Trad. Maria Helena da Rocha Pereira. 12. ed. Lisboa: Fundação Calouste
Gulbenkian, 2010. p. 470.