A invenção da fotografia, no século XIX, trouxe novas questões ao fenômeno da reprodução da imagem. Entre elas, a influência nos novos estilos artísticos que surgiram no fim do século. Em meio século, alterou-se o universo da pintura, da mesma forma que o cinema, em 1985, fez com que a fotografia tivesse que se redescobrir. Para Arago, o primeiro divulgador da descoberta, “o procedimento não passava de um utensílio, um auxiliar do trabalho científico posto à disposição de astrônomos, botânicos e arqueólogos. No entanto, Delaroche, pintor de batalhas até então no auge de sua carreira, saiu da sessão exclamando: ‘A partir de hoje a pintura morreu’” (DEBRAY, 1993, p.263).
Debates desta ordem são frequentes na História da Arte, pois:
a) os processos técnicos que inovam as ideias de cada geração não liquidam obrigatoriamente com as das gerações anteriores. A fotografia, por exemplo, valorizou o trabalho dos pintores, pois a pintura moderna muda a partir de uma espécie de diálogo com a fotografia, apesar da invenção do cinema, que veio logo a seguir, não possuir nenhuma relação com a invenção da fotografia.
b) a obra de arte pode ser superada pelas novas tecnologias de reprodução, tornado-se um objeto ultrapassado, pois nenhuma arte é imutável.
c) a fotografia foi apresentada pela primeira vez como recurso para auxiliar o trabalho da ciência, entretanto, sua utilização hoje se estende aos mais diversos campos de atividades. Da mesma forma, a criação do vinil impulsionou a indústria fonográfica e contribuiu para a divulgação das composições musicais.
d) com a invenção da fotografia a arte da pintura perdeu sua função absoluta de retratar pessoas e acontecimentos importantes, o que de fato gerou uma crise nesta arte do mesmo modo que a música eletrônica vem contribuindo para a extinção gradativa da figura do músico.