Em meados de fevereiro de 1765, Juana Antonia Gomiciaga,
por intermédio do “procurador de pobres”, Diego Toribio de la
Cueva, se apresentou ao Cabildo de Santiago. Ela confiava que
o foro de justiça local pudesse dar solução ao seu pedido principal: obter o reconhecimento de sua liberdade, que, de acordo
com sua versão, havia sido concedida verbalmente por sua senhora, Francisca Josefa Gomiciaga, em fevereiro de 1751. Nas
palavras do procurador, a liberdade havia sido concedida devido à “piedade e compaixão”. Contudo, essa alforria verbal, ao
longo do tempo, foi desconsiderada pelas senhoras de Juana, o
que motivou a escrava Juana Antonia a recorrer à arena judicial.
(Traduzido e adaptado de GONZALEZ, A. F. G. Los matices de la resistencia: Trayectorias
vitales de mujeres esclavizadas ante la justicia eclesiástica de Santiago. Chile, siglos XVII
y XVIII. Autoctonía (Santiago), 8(1), p. 88-127, janeiro de 2024.)
Tendo em vista seus conhecimentos sobre América espanhola
e considerando as informações, presentes no excerto, sobre o
caso de Juana Antônia Gomiciaga, assinale a alternativa correta.
a) As ações judiciais resultaram em um questionamento da sociedade escravocrata; por conta delas, foi decretado o fim
do sistema de escravidão africana no século XVIII.
b) A resistência à escravidão indígena era marcada pelo enfrentamento físico e, no caso da resistência africana à escravidão, predominava a postura passiva.
c) Embora houvesse demandas jurídicas dos escravizados, o
Império era inflexível quanto a essas negociações na Justiça,
como demonstrado no excerto.
d) Os estudos sobre a escravidão têm demonstrado que muitos escravizados, entre várias estratégias, articulavam a luta
pela liberdade na Justiça.