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Questões de Vestibular: Interpretação Textual

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Texto associado.
I. Surge então a pergunta: se a fantasia funciona como realidade; se não conseguimos agir senão mutilando o nosso eu; se o que há de mais profundo em nós é no fim de contas a opinião dos outros; se estamos condenados a não atingir o que nos parece realmente valioso –, qual a diferença entre o bem e o mal, o justo e o injusto, o certo e o errado? O autor passou a vida a ilustrar esta pergunta, que é modulada de maneira exemplar no primeiro e mais conhecido dos seus grandes romances de maturidade.
 II. É preciso todavia lembrar que essa ligação com o problema geográfico e social só adquire significado pleno, isto é, só atua sobre o leitor, graças à elevada qualidade artística do livro. O seu autor soube transpor o ritmo mesológico para a própria estrutura da narrativa, mobilizando recursos que a fazem parecer movida pela mesma fatalidade sem saída. (...) Da consciência mortiça da personagem podem emergir ostranses periódicos em que se estorce o homem esmagado pela paisagem e pelos outros homens. 
Nos fragmentos I e II, aqui adaptados, o crítico Antonio Candido avalia duas obras literárias, que são, respectivamente, 
Texto associado.
Considere as seguintes afirmativas sobre os termos em negrito e sublinhados no texto:

1. Na 3ª linha do segundo parágrafo, “a” refere-se a “fera”. 
2. Na 3ª linha do terceiro parágrafo, “cuja” refere-se a “Wislawa Szymborska”. 
3. Na 4ª linha do terceiro parágrafo, “seus” refere-se a “Andersen”.
4. Na 7ª linha do quarto parágrafo, “las” refere-se a “crianças”.
Assinale a alternativa correta.
TEXTO 4
NO MEIO DO CAMINHO
No meio do caminho tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
tinha uma pedra
no meio do caminho tinha uma pedra.
Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma pedra.
ANDRADE, Carlos Drummond de. No meio
do caminho
. Disponível em:
http://www.algumapoesia.com.br/drummond/
drummond04.htm. Acesso: 12 out. 2017.

TEXTO 5
POEMA DE SETE FACES

Quando nasci, um anjo torto
desses que vivem na sombra
disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida.
As casas espiam os homens
que correm atrás de mulheres.
A tarde talvez fosse azul,
não houvesse tantos desejos.
O bonde passa cheio de pernas:
pernas brancas pretas amarelas.
Para que tanta perna, meu Deus, pergunta meu
coração.
Porém meus olhos
não perguntam nada.
O homem atrás do bigode
é sério, simples e forte.
Quase não conversa.
Tem poucos, raros amigos
o homem atrás dos óculos e do bigode.
  
Meu Deus, por que me
abandonaste
se sabias que eu não era Deus
se sabias que eu era fraco.
Mundo mundo vasto mundo,
se eu me chamasse Raimundo
seria uma rima, não seria uma
solução.
Mundo mundo vasto mundo,
mais vasto é meu coração.
Eu não devia te dizer
mas essa lua
mas esse conhaque
botam a gente comovido como
o diabo.
ANDRADE, Carlos Drummond de.
Poema de sete faces. Disponível em: http://www.poesiaspoemaseversos.co
m.br/poema-das-sete-faces-carlosdrummond-de-andrade/. Acesso: 12out. 2017.
  
Os TEXTOS 4 e 5 apresentam poemas de Carlos Drummond de Andrade, importante poeta do Modernismo brasileiro. Acerca deste significativo movimento da literatura brasileira, analise as proposições a seguir e assinale a alternativa CORRETA.
I. Drummond integrou a 2ª Geração Modernista Brasileira, a qual, ao contrário da 1ª Geração, mostrava consolidação e amadurecimento na literatura do Brasil.
II. Juntamente com Oswald de Andrade e Mário de Andrade, Drummond de Andrade fez parte da 1ª Geração Modernista, e os TEXTOS 4 e 5 demonstram a insatisfação e a rebeldia frente ao comportamento das pessoas no Brasil daquela época.
III.Drummond fez parte da 3ª Geração Modernista, a “Geração de 45”, e, por se tratar de um período menos conturbado em relação ao vivenciado pelas Gerações anteriores, a produção literária tinha espaço para suscitar reflexões acerca do comportamento da sociedade.
IV. Os poemas que constituem os TEXTOS 4 e 5 abordam temáticas cotidianas e fazem uso da linguagem coloquial, características recorrentes nas produções literárias dessa fase do Modernismo brasileiro.
V. O uso de versos livres e brancos nos poemas dos TEXTOS 4 e 5 corresponde à tendência das produções literárias do Modernismo brasileiro nesta fase: com evidente desprendimento de formatos clássicos e limitadores para se fazer poesia.
  
Estão CORRETAS, apenas, as proposições
Texto associado.
TEXTO
01. Recebi consulta de um amigo que tenta
02. deslindar segredos da língua para
03. estrangeiros que querem aprender português.
04. Seu problema: “se digo em uma sala de aula:
05. ‘Pessoal, leiam o livro X’, como explicar a
06. concordância? Certamente, não se diz
07. ‘Pessoal, leia o livro X’".
08. Pela pergunta, vê-se que não se trata de
09. fornecer regras para corrigir eventuais
10. problemas de padrão. Trata-se de entender
11. um dado que ocorre regularmente, mas que
12. parece oferecer alguma dificuldade de análise.
13. Em primeiro lugar, é óbvio que se trata de
14. um pedido (ou de uma ordem) mais ou
15. menos informal. Caso contrário, não se usaria
16. a expressão “pessoal”, mas talvez “Senhores”
17. ou “Senhores alunos”.
18. Em segundo lugar, não se trata da tal
19. concordância ideológica, nem de silepse
20. (hipóteses previstas pela gramática para
21. explicar concordâncias mais ou menos
22. excepcionais, que se devem menos a fatores
23. sintáticos e mais aos semânticos; exemplos
24. correntes do tipo “A gente fomos” e “o
25. pessoal gostaram” se explicam por esse
26. critério). Como se pode saber que não se
27. trata de concordância ideológica ou de
28. silepse? A resposta é que, nesses casos, o
29. verbo se liga ao sujeito em estrutura sem
30. vocativo, diferentemente do que acontece
31. aqui. E em casos como “Pedro, venha cá”,
32. “venha” não se liga a “Pedro”, mesmo que
33. pareça que sim, porque Pedro não é o sujeito.
34. Para tentar formular uma hipótese mais
35. clara para o problema apresentado, talvez se
36. deva admitir que o sujeito de um verbo pode
37. estar apagado e, mesmo assim, produzir
38. concordância. O ideal é que se mostre que o
39. fenômeno não ocorre só com ordens ou
40. pedidos, e nem só quando há vocativo.
41. Vamos por partes: a) é normal, em
42. português, haver orações sem sujeito
43. expresso e, mesmo assim, haver flexão
44. verbal. Exemplos correntes são frases como
45. “chegaram e saíram em seguida”, que todos
46. conhecemos das gramáticas; b) sempre que
47. há um vocativo, em princípio, o sujeito pode
48. não aparecer na frase. É o que ocorre em
49. “meninos, saiam daqui”; mas o sujeito pode
50. aparecer, pois não seria estranha a sequência
51. “meninos, vocês se comportem”; c) se forem
52. aceitas as hipóteses a) e b) (diria que são
53. fatos), não seria estranho que a frase
54. “Pessoal, leiam o livro X” pudesse ser tratada
55. como se sua estrutura fosse “Pessoal, vocês
56. leiam o livro x”. Se a palavra “vocês” não
57. estivesse apagada, a concordância se
58. explicaria normalmente; d) assim, o problema
59. real não é a concordância entre “pessoal” e
60. “leiam”, mas a passagem de “pessoal” a
61. “vocês”, que não aparece na superfície da
62. frase.
63. Este caso é apenas um, dentre tantos
64. outros, que nos obrigariam a considerar na
65. análise elementos que parecem não estar na
66. frase, mas que atuam como se lá estivessem.
Adaptado de: POSSENTI, Sírio.
Malcomportadas línguas.
São Paulo: Parábola Editorial, 2009. p. 85-86.
Assinale com V (verdadeiro) ou F (falso) as afirmações abaixo.
( ) A expressão Seu problema (l. 04) faz remissão ao problema de um amigo do autor do texto sobre um fato da língua portuguesa.
( ) A expressão nesses casos (l. 28) faz referência a exemplos correntes (l. 23-24).
( ) A palavra aqui (l. 31) faz remissão à problemática central do texto acerca da concordância.
( ) A palavra lá (l. 66) faz remissão à na frase (l. 65-66).
A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é
Texto associado.
TEXTO 
No Mundo das Letras
(  95)     Vem à livraria nas horas de maior
(  96) movimento, mas isso, já se sabe, é de
(  97) propósito: facilita-lhe o trabalho.
(  98)     Rouba livros. Faz isso há muitos anos,
(  99) desde a infância, praticamente. Começou
(100) roubando um texto escolar que precisava
(101) para o colégio: foi tão fácil que gostou; e
(102) passou a roubar romances de aventura, livros
(103) de ficção científica, textos sobre arte,
(104) política, ciência, economia. Aperfeiçoou tanto
(105) a técnica que chegava a furtar quatro, cinco
(106) livros de uma vez. Roubou livros em todas as
(107) cidades por onde passou. Em Londres, uma
(108) vez, quase o pegaram; um incidente que
(109) recorda com divertida emoção.
(110)     No início, lia os livros que roubava.
(111) Depois, a leitura deixou de lhe interessar. A
(112) coisa era roubar por roubar, por amor à arte;
(113) dava os livros de presente ou simplesmente
(114) os jogava fora. Mas cada vez tinha menos
(115) tempo para ir às livrarias; os negócios o
(116) absorviam demais. Além disso, não podia,
(117) como empresário, correr o risco de um
(118) flagrante. Um problema – que ele resolveu
(119) como resolve todos os problemas, com
(120) argúcia, com arrojo, com imaginação.
(121)     Zás! Acabou de surrupiar um. Nada de
(122) espetacular nessa operação: simplesmente
(123) pegou um pequeno livro e o enfiou no bolso.
(124) Olha para os lados; aparentemente ninguém
(125) notou nada. Cumprimenta-me e se vai.
(126)     Um minuto depois retorna. Como é que
(127) me saí, pergunta, não sem ansiedade.
(128) Perfeito, respondo, e ele sorri, agradecido. O
(129) que me deixa satisfeito; elogiá-lo é não
(130) apenas um ato de compaixão, é também uma
(131) medida de prudência. Afinal, ele é o dono da
(132) livraria.
SCLIAR, Moacyr. No Mundo das Letras. In: SCLIAR, Moacyr; FONSECA, Rubem; MIRANDA, Ana. Pipocas. São Paulo: Companhia das Letras, 2003.
Uma forma de retomar fragmentos, ao longo do texto, é usar expressões que apresentam uma paráfrase para resumir o que se precede ou sucede. Considerando esse aspecto, no trecho “[...] um incidente que recorda com divertida emoção” (linhas 108-109), a expressão sublinhada refere-se ao
Texto associado.
TEXTO 2
Em Busca de Novas Armas Contra o
Aedes Aegypt
38 O infectologista Rivaldo Venâncio da Cunha já
39 foi diagnosticado com dengue duas vezes.
40 Nenhuma surpresa. O coordenador de
41 Vigilância em Saúde e Laboratórios de
42 Referência da Fundação Oswaldo Cruz
43 (Fiocruz) e professor da Medicina da
44 Universidade Federal do Mato Grosso do Sul
45 vive no Brasil, país castigado pela doença nas
46 últimas três décadas e por outras também
47 transmitidas pelo Aedes aegypt. Essas
48 epidemias, explica o pesquisador nesta
49 entrevista, devem continuar décadas adiante:
50 “Ainda utilizamos o modelo de controle do
51 mosquito que foi exitoso há 110 anos com
52 Oswaldo Cruz”. Nem as águas de março que
53 acabaram de fechar o verão são promessa de
54 uma trégua. “Temos observado que, em
55 algumas localidades do Brasil, o padrão de
56 ocorrência da dengue tem se mantido estável
57 mesmo fora do verão. Isso aponta o óbvio: a
58 população e as autoridades sanitárias têm de
59 atuar durante todo o ano, e não somente no
60 verão. Infelizmente, isso não ocorre em um
61 padrão homogêneo”, ensina Cunha, que
62 comemora, no entanto, abordagens
63 promissoras para o controle do mosquito e vê
64 uma melhora da vigilância nas últimas
65 décadas.
66 Ciência Hoje: O Brasil sofreu
67 recentemente com grandes surtos de
68 dengue, zika e febre amarela. Devemos
69 esperar novos surtos em breve? O que
70 dizem os dados epidemiológicos?
71 Rivaldo Venâncio da Cunha: As doenças
72 transmitidas pelo Aedes continuarão ocorrendo
73 nos próximos 20 ou 30 anos. Por que
74 continuarão ocorrendo? Porque utilizamos o
75 modelo de controle do mosquito que foi
76 exitoso há 110 anos com Oswaldo Cruz e,
77 depois, com Clementino Fraga e outros. Se
78 não houver uma nova abordagem para
79 controle do vetor, continuaremos tendo
80 epidemias, porque, infelizmente, as questões
81 estruturais da sociedade permanecem
82 praticamente inalteradas. Essa bárbara
83 segregação social que o Brasil tem,
84 esse apartheid social, que é fruto de séculos,
85 criou condições para haver comunidades
86 extremamente vulneráveis, onde a coleta do
87 lixo, quando existe, é feita de forma
88 inadequada, e nas quais o fornecimento de
89 água é irregular. São lugares onde o Estado
90 inexiste. Há comunidades em que policiais não
91 podem entrar a qualquer hora, imagine um
92 agente de controle de vetores. Essa
93 complexidade urbana não aparenta que será
94 modificada nos próximos anos.
CUNHA, Rivaldo Venâncio da. Em Busca de Novas Armas
Contra o Aedes Aegypt. Ciência Hoje, São Paulo, n.353, abr.
2019. Entrevista concedida a Valquíria Daher. Disponível
em: http://cienciahoje.org.br/artigo/em-busca-de-novasarmas-contra-o-aedes-aegypt/.
Acessado em 27 de abril de 2019. 
A intertextualidade é um dos fatores responsáveis pela construção de sentido. Ela é percebida quando o leitor recupera, no texto em tela, informações de outros textos que se encontram explícitas ou inferidas. Sobre essa questão, considere as seguintes afirmativas:
I. “Nem as águas de março que acabaram de fechar o verão são promessa de uma trégua” (linhas 52-54).
II. “Essa bárbara segregação social que o Brasil tem, esse apartheid social [...] criou condições para haver comunidades extremamente vulneráveis [...]” (linhas 82- 86).
III. “Essa complexidade urbana não aparenta que será modificada nos próximos anos” (linhas 92-94).
É correto afirmar que há intertextualidade em

BOOM MACHADIANO?

Críticos estrangeiros apontam Machado como autor livre de clichês latino-americanos e distante da exuberância tropical e da crítica social.

Ruan de Sousa Gabriel
“Machado de Assis já não pertence apenas à literatura
brasileira. Suas obras passaram a interessar a
outras culturas, sucedendo-se as traduções em várias línguas”,
escreveu o crítico literário Eugenio Gomes no jornal
5 carioca Correio da Manhã em 8 de dezembro de 1951.
Gomes enumerou entusiasmado as novas traduções de
Machado mundo afora: uma edição alemã de Memórias
póstumas de Brás Cubas e “outra deste mesmo romance
em castelhano”, e a publicação, nos Estados Unidos, de
10 mais uma tradução, assinada por William L. Grossman.
Dedicou boa parte de seu texto a comentários elogiosos
(apesar “de alguns lapsos”) às Memórias póstumas de
Grossman para indicar o “interesse excepcional que o escritor
brasileiro está despertando naquele país”.
15 Quase 70 anos mais tarde, esse “interesse excepcional”
citado por Gomes poderia ser incluído no famoso
capítulo “Das negativas”, de Memórias póstumas, que lista
o que não aconteceu. Um ensaio de Benjamin Moser, biógrafo
de Clarice Lispector, publicado no mês passado na
20 revista americana The New Yorker, perguntava por que Machado
ainda era tão pouco lido nos EUA. Além do ensaio
de Moser, outros textos sobre Machado apareceram na
imprensa americana nas últimas semanas por ocasião da
publicação de The collected stories of Machado de Assis,
25 uma reunião de 76 contos traduzidos para o inglês pelos
britânicos Margaret Jull Costa e Robin Patterson. A editora
W. W. Norton & Company, responsável pela publicação
das Collected stories, não divulgou a tiragem do livro, mas
informou que os editores “estão muito contentes — mais do
30 que contentes, na verdade — com a recepção do livro nos
EUA”.
O aplauso da imprensa americana reavivou o desejo
expresso por Gomes nos anos 50: será que agora os
estrangeiros acordam para o talento de Machado? “Há poucos
35 dias, vi uma coisa insólita na London Review of Books:
um retrato de página inteira de Machado e capas de livros
dele, inclusive das Collected stories”, disse o britânico John
Gledson, tradutor do estudo Dom Casmurro e autor do estudo
Machado de Assis: impostura e realismo. Em agosto,
40 Machado foi eleito o autor do mês pela prestigiosa revista
literária britânica. “Trabalho com a obra de Machado desde
os anos 80 e ele nunca teve esse tipo de destaque na Inglaterra,
onde se publicam traduções dele esporadicamente. A
tradutora das Collected stories tem uma ótima reputação,
45 o que me dá esperança de que ela ajude a reputação de
Machado em inglês.” (...)
Texto adaptado. GABRIEL, Ruan de Sousa. Boom machadiano?
Um novo despertar estrangeiro para a obra de Machado. Revista
Época, nº 1054. Editora Globo, 10 set. 2018, p. 78-81.
Em construções como “Em agosto, Machado foi eleito o autor do mês pela prestigiosa revista literária britânica”

(linhas 39-41), o emprego de

Texto associado.
"A noção de programa genético (...) desempenhou um papel importante no lançamento do Projeto Genoma Humano, fazendo com que se acreditasse que a decifração de um genoma, à maneira de um livro com instruções de um longo programa, permitiria decifrar ou compreender toda a natureza humana ou, no mínimo, o essencial dos mecanismos de ocorrência das doenças. Em suma, a fisiopatologia poderia ser reduzida à genética, já que toda doença seria reduzida a um ou diversos erros de programação, isto é, à alteração de um ou diversos genes".
(Edgar Morin, A religação dos saberes: o desafio do século XXI. Jornadas temáticas idealizadas e dirigidas por Edgar Morin. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil Ltda, 2012, p. 157.)
A expressão programa genético, mencionada no trecho anterior, é
Texto associado.
TEXTO
01. Recebi consulta de um amigo que tenta
02. deslindar segredos da língua para
03. estrangeiros que querem aprender português.
04. Seu problema: “se digo em uma sala de aula:
05. ‘Pessoal, leiam o livro X’, como explicar a
06. concordância? Certamente, não se diz
07. ‘Pessoal, leia o livro X’".
08. Pela pergunta, vê-se que não se trata de
09. fornecer regras para corrigir eventuais
10. problemas de padrão. Trata-se de entender
11. um dado que ocorre regularmente, mas que
12. parece oferecer alguma dificuldade de análise.
13. Em primeiro lugar, é óbvio que se trata de
14. um pedido (ou de uma ordem) mais ou
15. menos informal. Caso contrário, não se usaria
16. a expressão “pessoal”, mas talvez “Senhores”
17. ou “Senhores alunos”.
18. Em segundo lugar, não se trata da tal
19. concordância ideológica, nem de silepse
20. (hipóteses previstas pela gramática para
21. explicar concordâncias mais ou menos
22. excepcionais, que se devem menos a fatores
23. sintáticos e mais aos semânticos; exemplos
24. correntes do tipo “A gente fomos” e “o
25. pessoal gostaram” se explicam por esse
26. critério). Como se pode saber que não se
27. trata de concordância ideológica ou de
28. silepse? A resposta é que, nesses casos, o
29. verbo se liga ao sujeito em estrutura sem
30. vocativo, diferentemente do que acontece
31. aqui. E em casos como “Pedro, venha cá”,
32. “venha” não se liga a “Pedro”, mesmo que
33. pareça que sim, porque Pedro não é o sujeito.
34. Para tentar formular uma hipótese mais
35. clara para o problema apresentado, talvez se
36. deva admitir que o sujeito de um verbo pode
37. estar apagado e, mesmo assim, produzir
38. concordância. O ideal é que se mostre que o
39. fenômeno não ocorre só com ordens ou
40. pedidos, e nem só quando há vocativo.
41. Vamos por partes: a) é normal, em
42. português, haver orações sem sujeito
43. expresso e, mesmo assim, haver flexão
44. verbal. Exemplos correntes são frases como
45. “chegaram e saíram em seguida”, que todos
46. conhecemos das gramáticas; b) sempre que
47. há um vocativo, em princípio, o sujeito pode
48. não aparecer na frase. É o que ocorre em
49. “meninos, saiam daqui”; mas o sujeito pode
50. aparecer, pois não seria estranha a sequência
51. “meninos, vocês se comportem”; c) se forem
52. aceitas as hipóteses a) e b) (diria que são
53. fatos), não seria estranho que a frase
54. “Pessoal, leiam o livro X” pudesse ser tratada
55. como se sua estrutura fosse “Pessoal, vocês
56. leiam o livro x”. Se a palavra “vocês” não
57. estivesse apagada, a concordância se
58. explicaria normalmente; d) assim, o problema
59. real não é a concordância entre “pessoal” e
60. “leiam”, mas a passagem de “pessoal” a
61. “vocês”, que não aparece na superfície da
62. frase.
63. Este caso é apenas um, dentre tantos
64. outros, que nos obrigariam a considerar na
65. análise elementos que parecem não estar na
66. frase, mas que atuam como se lá estivessem.
Adaptado de: POSSENTI, Sírio.
Malcomportadas línguas.
São Paulo: Parábola Editorial, 2009. p. 85-86.
Considere as seguintes afirmações sobre a síntese dos parágrafos do texto.
I - O primeiro parágrafo apresenta a problemática discutida pelo autor, a partir da dúvida de um amigo, sobre a concordância na língua portuguesa.
II - O segundo e o terceiro parágrafos apresentam discussão a respeito da preponderância dos aspectos sintáticos envolvidos na construção de pedidos e ordens em usos não padrão da língua.
III- O quinto parágrafo do texto enumera argumentos que permitem explicar o fenômeno gramatical da concordância em construções sem sujeito expresso.
Quais estão de acordo com o texto?
Texto associado.
TEXTO
01. Recebi consulta de um amigo que tenta
02. deslindar segredos da língua para
03. estrangeiros que querem aprender português.
04. Seu problema: “se digo em uma sala de aula:
05. ‘Pessoal, leiam o livro X’, como explicar a
06. concordância? Certamente, não se diz
07. ‘Pessoal, leia o livro X’".
08. Pela pergunta, vê-se que não se trata de
09. fornecer regras para corrigir eventuais
10. problemas de padrão. Trata-se de entender
11. um dado que ocorre regularmente, mas que
12. parece oferecer alguma dificuldade de análise.
13. Em primeiro lugar, é óbvio que se trata de
14. um pedido (ou de uma ordem) mais ou
15. menos informal. Caso contrário, não se usaria
16. a expressão “pessoal”, mas talvez “Senhores”
17. ou “Senhores alunos”.
18. Em segundo lugar, não se trata da tal
19. concordância ideológica, nem de silepse
20. (hipóteses previstas pela gramática para
21. explicar concordâncias mais ou menos
22. excepcionais, que se devem menos a fatores
23. sintáticos e mais aos semânticos; exemplos
24. correntes do tipo “A gente fomos” e “o
25. pessoal gostaram” se explicam por esse
26. critério). Como se pode saber que não se
27. trata de concordância ideológica ou de
28. silepse? A resposta é que, nesses casos, o
29. verbo se liga ao sujeito em estrutura sem
30. vocativo, diferentemente do que acontece
31. aqui. E em casos como “Pedro, venha cá”,
32. “venha” não se liga a “Pedro”, mesmo que
33. pareça que sim, porque Pedro não é o sujeito.
34. Para tentar formular uma hipótese mais
35. clara para o problema apresentado, talvez se
36. deva admitir que o sujeito de um verbo pode
37. estar apagado e, mesmo assim, produzir
38. concordância. O ideal é que se mostre que o
39. fenômeno não ocorre só com ordens ou
40. pedidos, e nem só quando há vocativo.
41. Vamos por partes: a) é normal, em
42. português, haver orações sem sujeito
43. expresso e, mesmo assim, haver flexão
44. verbal. Exemplos correntes são frases como
45. “chegaram e saíram em seguida”, que todos
46. conhecemos das gramáticas; b) sempre que
47. há um vocativo, em princípio, o sujeito pode
48. não aparecer na frase. É o que ocorre em
49. “meninos, saiam daqui”; mas o sujeito pode
50. aparecer, pois não seria estranha a sequência
51. “meninos, vocês se comportem”; c) se forem
52. aceitas as hipóteses a) e b) (diria que são
53. fatos), não seria estranho que a frase
54. “Pessoal, leiam o livro X” pudesse ser tratada
55. como se sua estrutura fosse “Pessoal, vocês
56. leiam o livro x”. Se a palavra “vocês” não
57. estivesse apagada, a concordância se
58. explicaria normalmente; d) assim, o problema
59. real não é a concordância entre “pessoal” e
60. “leiam”, mas a passagem de “pessoal” a
61. “vocês”, que não aparece na superfície da
62. frase.
63. Este caso é apenas um, dentre tantos
64. outros, que nos obrigariam a considerar na
65. análise elementos que parecem não estar na
66. frase, mas que atuam como se lá estivessem.
Adaptado de: POSSENTI, Sírio.
Malcomportadas línguas.
São Paulo: Parábola Editorial, 2009. p. 85-86.
Observe as propostas de reescrita para o seguinte trecho do texto.
Para tentar formular uma hipótese mais clara para o problema apresentado, talvez se deva admitir que o sujeito de um verbo pode estar apagado e, mesmo assim, produzir concordância (l. 34-38).
I - Para tentar formular uma hipótese mais clara para o problema apresentado, deve-se admitir, talvez, que o sujeito de um verbo pode estar apagado e produzir concordância mesmo assim.
II - Para tentar formular uma hipótese mais clara para o problema apresentado, se deva admitir que talvez o sujeito de um verbo possa estar apagado e produzir concordância, mesmo assim.
III- Deve-se admitir que o sujeito de um verbo pode estar apagado e produzir, mesmo assim, concordância, para talvez tentar formular uma hipótese mais clara para o problema apresentado.
Quais estão corretas e preservam a significação do trecho original?