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Questões de Vestibular: Interpretação Textual

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Texto 2
O que Lima Barreto pode ensinar ao Brasil de hoje
Denilson Botelho

Lima Barreto (1881-1922) viveu numa época
de transições. No seu aniversário de sete anos, viu
a abolição ser festejada em praça pública na companhia 
do pai, registrando as lembranças do episódio 
5 em seu Diário íntimo. No ano seguinte, em 1889,
viu a monarquia dar lugar à república. E passou a
juventude e o resto de sua curta existência – faleceu
aos 41 anos – enfrentando os desafios de ser negro
num país que aboliu a escravidão, mas não fez com
10 que a liberdade viesse acompanhada dos direitos de
cidadania pelos quais temos lutado desde então. Da
mesma forma, vivenciou também os desafios de uma
república que se fez excludente, frustrando a expectativa 
por um regime democrático.
15 Mas por que devemos ler Lima Barreto hoje?
São vários os motivos, mas um deles revela-se da
maior importância. Nos últimos anos, os grandes
grupos empresariais de mídia têm contribuído
  
decisivamente para demonizar a política. A pregação
20 de um discurso anticorrupção tem se revestido de um
moralismo sem precedentes e, ao mesmo tempo, esterilizante. 
Muitos são aqueles que têm sido levados
a recusar o debate político sob o argumento tolo, 
generalizante e perigoso que sugere que todo político
25 é ladrão e corrupto. A estratégia abre espaço para
a figura enganosa do “gestor”, que, fingindo renegar
a política, governa para contemplar os interesses de
poucos em detrimento da maioria.
O fato é que encontramos em Lima Barreto
30 um vigoroso antídoto para lidar com essa situação,
pois estamos diante de um escritor que fez da literatura 
a arte do engajamento. Escrever era para ele
uma forma efetiva de participar dos acontecimentos.
Os mais de 500 artigos e crônicas que publicou em
35 dezenas de jornais e revistas do Rio de Janeiro – assim 
como seus romances e contos – não deixavam
escapar nenhum tema importante em discussão na
época. Lima não se esquivava do debate e muito menos 
de opinar e apresentar enfaticamente os seus
40 pontos de vista, geralmente urdidos com base nas
leituras que fazia quase obsessivamente. Em síntese, 
escrever era fazer política, era participar da vida
política do país e isso resultou numa literatura militante, 
que nos leva a perceber a centralidade da política
45 em nossas vidas.
Fragmento: http://www.cartaeducacao.com.br/artigo/o-que-lima-
-barreto-pode-ensinar-ao-brasil-de-hoje/ Acesso em 21 ago 2017.
  

Em “ser negro num país que aboliu a escravidão, mas não fez com que a liberdade viesse acompanhada dos direitos de cidadania pelos quais temos lutado desde então” (linhas 8-11), observa-se uma figura de linguagem denominada

Texto associado.
“...Nas ruas e casas comerciais já se vê as faixas indicando os nomes dos futuros deputados. Alguns nomes já são conhecidos. São reincidentes que já foram preteridos nas urnas. Mas o povo não está interessado nas eleições, que é o cavalo de Troia que aparece de quatro em quatro anos.”
(Carolina Maria de Jesus, Quarto de despejo. São Paulo: Ática, 2014, p. 43.)
O trecho anterior faz parte das considerações políticas que aparecem repetidamente em Quarto de despejo, de Carolina Maria de Jesus. Considerando o conjunto dessas observações, indique a alternativa que resume de modo adequado a posição da autora sobre a lógica política das eleições.
Texto associado.
Era uma vez um lobo vegano que não engolia a vovozinha, três porquinhos que se dedicavam _____ especulação imobiliária e uma estilista chamada Gretel que trabalhava de garçonete em Berlim. Não deveria nos surpreender que os contos tradicionais se adaptem aos tempos. Eles foram submetidos _____ alterações no processo de transmissão, oral ou escrita, ao longo dos séculos para adaptá-los aos gostos de cada momento. Vejamos, por exemplo, Chapeuzinho Vermelho. Em 1697 – quando a história foi colocada no papel –, Charles Perrault acrescentou _____ ela uma moral, com o objetivo de alertar as meninas quanto _____ intenções perversas dos desconhecidos. Pouco mais de um século depois, os irmãos Grimm abrandaram o enredo do conto e o coroaram com um final feliz. Se a Chapeuzinho Vermelho do século XVII era devorada pelo lobo, não seria de surpreender que a atual repreendesse a fera por sua atitude sexista quando a abordasse no bosque. A força do conto, no entanto, está no fato de que ele fala por meio de uma linguagem simbólica e nos convida a explorar a escuridão do mundo, a cartografia dos medos, tanto ancestrais como íntimos. Por isso ele desafia todos nós, incluindo os adultos. [...] A poetisa Wislawa Szymborska falou sobre um amigo escritor que propôs a algumas editoras uma peça infantil protagonizada por uma bruxa. As editoras rejeitaram a ideia. Motivo? É proibido assustar as crianças. A ganhadora do prêmio Nobel, admiradora de Andersen – cuja coragem se destacava por ter criado finais tristes –, ressalta a importância de se assustar, porque as crianças sentem uma necessidade natural de viver grandes emoções: “A figura que aparece [em seus contos] com mais frequência é a morte, um personagem implacável que penetra no âmago da felicidade e arranca o melhor, o mais amado. Andersen tratava as crianças com seriedade. Não lhes falava apenas da alegre aventura que é a vida, mas também dos infortúnios, das tristezas e de suas nem sempre merecidas calamidades”. C. S. Lewis dizia que fazer as crianças acreditar que vivem em um mundo sem violência, morte ou covardia só daria asas ao escapismo, no sentido negativo da palavra. Depois de passar dois anos mergulhado em relatos compilados durante dois séculos, Italo Calvino selecionou e editou os 200 melhores contos da tradição popular italiana. Após essa investigação literária, sentenciou: “Le fiabe sono vere [os contos de fadas são verdadeiros]”. O autor de O Barão nas Árvores tinha confirmado sua intuição de que os contos, em sua “infinita variedade e infinita repetição”, não só encapsulam os mitos duradouros de uma cultura, como também “contêm uma explicação geral do mundo, onde cabe todo o mal e todo o bem, e onde sempre se encontra o caminho para romper os mais terríveis feitiços”. Com sua extrema concisão, os contos de fadas nos falam do medo, da pobreza, da desigualdade, da inveja, da crueldade, da avareza... Por isso são verdadeiros. Os animais falantes e as fadas madrinhas não procuram confortar as crianças, e sim dotá-las de ferramentas para viver, em vez de incutir rígidos patrões de conduta, e estimular seu raciocínio moral. Se eliminarmos as partes escuras e incômodas, os contos de fadas deixarão de ser essas surpreendentes árvores sonoras que crescem na memória humana, como definiu o poeta Robert Bly. (Marta Rebón).
De acordo com o texto, o autor de O Barão nas Árvores é:
Texto associado.
TEXTO 3
No Mundo das Letras
95 Vem à livraria nas horas de maior
96 movimento, mas isso, já se sabe, é de
97 propósito: facilita-lhe o trabalho.
98 Rouba livros. Faz isso há muitos anos,
99 desde a infância, praticamente. Começou
100 roubando um texto escolar que precisava
101 para o colégio: foi tão fácil que gostou; e
102 passou a roubar romances de aventura, livros
103 de ficção científica, textos sobre arte,
104 política, ciência, economia. Aperfeiçoou tanto
105 a técnica que chegava a furtar quatro, cinco
106 livros de uma vez. Roubou livros em todas as
107 cidades por onde passou. Em Londres, uma
108 vez, quase o pegaram; um incidente que
109 recorda com divertida emoção.
110 No início, lia os livros que roubava.
111 Depois, a leitura deixou de lhe interessar. A
112 coisa era roubar por roubar, por amor à arte;
113 dava os livros de presente ou simplesmente
114 os jogava fora. Mas cada vez tinha menos
115 tempo para ir às livrarias; os negócios o
116 absorviam demais. Além disso, não podia,
117 como empresário, correr o risco de um
118 flagrante. Um problema – que ele resolveu
119 como resolve todos os problemas, com
120 argúcia, com arrojo, com imaginação.
121 Zás! Acabou de surrupiar um. Nada de
122 espetacular nessa operação: simplesmente
123 pegou um pequeno livro e o enfiou no bolso.
124 Olha para os lados; aparentemente ninguém
125 notou nada. Cumprimenta-me e se vai.
126 Um minuto depois retorna. Como é que
127 me saí, pergunta, não sem ansiedade.
128 Perfeito, respondo, e ele sorri, agradecido. O
129 que me deixa satisfeito; elogiá-lo é não
130 apenas um ato de compaixão, é também uma
131 medida de prudência. Afinal, ele é o dono da
132 livraria.
SCLIAR, Moacyr. No Mundo das Letras. In: SCLIAR, Moacyr;
FONSECA, Rubem; MIRANDA, Ana. Pipocas. São Paulo:
Companhia das Letras, 2003.
Moacyr Scliar, autor da crônica No Mundo das Letras, é gaúcho e ganhou alguns prêmios, tais como Prêmio Jabuti e Prêmio José Lins do Rego. Atente para as seguintes afirmações sobre o autor:
I. O estilo de Moacyr Scliar é leve e irônico.
II. O autor faz parte da literatura contemporânea.
III. Os textos de Moacyr Scliar são diretos e com escrita simples.
Está correto o que se afirma em
Texto associado.
Texto V: base para a questão.
Epitáfio para um banqueiro
NEGÓCIO
EGO
ÓCIO
CIO
O
(José Paulo Paes)
No texto há uma relação semântica (significado) do título com o conteúdo propriamente dito. Assim, da leitura do poema em destaque, podemos apreender que:
I - O eu-lírico explora, ao máximo, a decomposição do significante da palavra negócio em ego, ócio, cio, 0 (zero), porém elas não se relacionam com a ideia de epitáfio.
II - As palavras estão relacionadas com o epitáfio, ou seja, a homenagem post mortem dada a alguém, no caso o banqueiro, que sintetiza o seu estilo de vida passada.
III - Podemos entender que, para o eu-lírico, os negócios de um banqueiro são formados pelo ego (individualismo do mundo dos negócios), ócio (típicos daqueles que especulam, não produzem e se fartam nas inutilidades), cio (libertinagem sexual) e o zero (o valor do capital do banqueiro após a morte), ou seja: negócios + individualismo + ociosidade + sexo = 0.
Está(ão) correto(s) o(s) item(ns):
Texto associado.
Lucy caiu da árvore
Conta a lenda que, na noite de 24 de novembro de 1974, as estrelas brilhavam na beira do rio
Awash, no interior da Etiópia. Um gravador K7 repetia a música dos Beatles “Lucy in the Sky with
Diamonds”. Inspirados, os paleontólogos decidiram que a fêmea AL 288-1, cujo esqueleto havia
sido escavado naquela tarde, seria apelidada carinhosamente de Lucy.
Lucy tinha 1,10 m e pesava 30 kg. Altura e peso de um chimpanzé. Mas não se iluda, Lucy não
pertence à linhagem que deu origem aos macacos modernos. Ela já andava ereta sobre os
membros inferiores. Lucy pertence à linhagem que deu origem ao animal que escreve esta crônica
e ao animal que a está lendo, eu e você.
Os ossos foram datados. Lucy morreu 3,2 milhões de anos atrás. Ela viveu 2 milhões de anos antes do
aparecimento dos primeiros animais do nosso gênero, o Homo habilis. A enormidade de 3 milhões
de anos separa Lucy dos mais antigos esqueletos de nossa espécie, o Homo sapiens, que surgiu no
planeta faz meros 200 mil anos. Lucy, da espécie Australopithecus afarensis, é uma representante
das muitas espécies que existiram na época em que a linhagem que deu origem aos homens
modernos se separou da que deu origem aos macacos modernos. Lucy já foi chamada de elo
perdido, o ponto de bifurcação que nos separou dos nossos parentes mais próximos.
Uma das principais dúvidas sobre a vida de Lucy é a seguinte: ela já era um animal terrestre, como
nós, ou ainda subia em árvores?
Muitos ossos de Lucy foram encontrados quebrados, seus fragmentos espalhados pelo chão. Até
agora, se acreditava que isso se devia ao processo de fossilização e às diversas forças às quais
esses ossos haviam sido submetidos. Mas os cientistas resolveram estudar em detalhes as fraturas.
As fraturas, principalmente no braço, são de compressão, aquela que ocorre quando caímos de
um local alto e apoiamos os membros para amortecer a queda. Nesse caso, a força é exercida
ao longo do eixo maior do osso, causando um tipo de fratura que é exatamente o encontrado
em Lucy. Usando raciocínios como esse, os cientistas foram capazes de explicar todas as fraturas
a partir da hipótese de que Lucy caiu do alto de uma árvore de pé, se inclinou para frente e
amortizou a queda com o braço.
Uma queda de 20 a 30 metros e Lucy atingiria o solo a 60 km/h, o suficiente para matar uma
pessoa e causar esse tipo de fratura. Como existiam árvores dessa altura onde Lucy vivia e muitos
chimpanzés sobem até 150 metros para comer, uma queda como essa é fácil de imaginar.
A conclusão é que Lucy morreu ao cair da árvore. E se caiu era porque estava lá em cima. E se
estava lá em cima era porque sabia subir. Enfim, sugere que Lucy habitava árvores.
Mas na minha mente ficou uma dúvida. Quando criança, eu subia em árvores. E era por não
sermos grandes escaladores de árvores que eu e meus amigos vivíamos caindo, alguns quebrando
braços e pernas. Será que Lucy morreu exatamente por tentar fazer algo que já não era natural
para sua espécie?
Fernando Reinach
adaptado de O Estado de S. Paulo, 24/09/2016.
No último parágrafo, Fernando Reinach assume um posicionamento em relação à conclusão dos estudiosos, apresentada no parágrafo anterior. 
Sua pergunta final sintetiza esse posicionamento por conter a seguinte formulação:

BOOM MACHADIANO?

Críticos estrangeiros apontam Machado como autor livre de clichês latino-americanos e distante da exuberância tropical e da crítica social.

Ruan de Sousa Gabriel
“Machado de Assis já não pertence apenas à literatura
brasileira. Suas obras passaram a interessar a
outras culturas, sucedendo-se as traduções em várias línguas”,
escreveu o crítico literário Eugenio Gomes no jornal
5 carioca Correio da Manhã em 8 de dezembro de 1951.
Gomes enumerou entusiasmado as novas traduções de
Machado mundo afora: uma edição alemã de Memórias
póstumas de Brás Cubas e “outra deste mesmo romance
em castelhano”, e a publicação, nos Estados Unidos, de
10 mais uma tradução, assinada por William L. Grossman.
Dedicou boa parte de seu texto a comentários elogiosos
(apesar “de alguns lapsos”) às Memórias póstumas de
Grossman para indicar o “interesse excepcional que o escritor
brasileiro está despertando naquele país”.
15 Quase 70 anos mais tarde, esse “interesse excepcional”
citado por Gomes poderia ser incluído no famoso
capítulo “Das negativas”, de Memórias póstumas, que lista
o que não aconteceu. Um ensaio de Benjamin Moser, biógrafo
de Clarice Lispector, publicado no mês passado na
20 revista americana The New Yorker, perguntava por que Machado
ainda era tão pouco lido nos EUA. Além do ensaio
de Moser, outros textos sobre Machado apareceram na
imprensa americana nas últimas semanas por ocasião da
publicação de The collected stories of Machado de Assis,
25 uma reunião de 76 contos traduzidos para o inglês pelos
britânicos Margaret Jull Costa e Robin Patterson. A editora
W. W. Norton & Company, responsável pela publicação
das Collected stories, não divulgou a tiragem do livro, mas
informou que os editores “estão muito contentes — mais do
30 que contentes, na verdade — com a recepção do livro nos
EUA”.
O aplauso da imprensa americana reavivou o desejo
expresso por Gomes nos anos 50: será que agora os
estrangeiros acordam para o talento de Machado? “Há poucos
35 dias, vi uma coisa insólita na London Review of Books:
um retrato de página inteira de Machado e capas de livros
dele, inclusive das Collected stories”, disse o britânico John
Gledson, tradutor do estudo Dom Casmurro e autor do estudo
Machado de Assis: impostura e realismo. Em agosto,
40 Machado foi eleito o autor do mês pela prestigiosa revista
literária britânica. “Trabalho com a obra de Machado desde
os anos 80 e ele nunca teve esse tipo de destaque na Inglaterra,
onde se publicam traduções dele esporadicamente. A
tradutora das Collected stories tem uma ótima reputação,
45 o que me dá esperança de que ela ajude a reputação de
Machado em inglês.” (...)
Texto adaptado. GABRIEL, Ruan de Sousa. Boom machadiano?
Um novo despertar estrangeiro para a obra de Machado. Revista
Época, nº 1054. Editora Globo, 10 set. 2018, p. 78-81.
A pergunta-título “Boom machadiano?” refere-se à seguinte informação da reportagem:
Gênero literário é a categoria à qual pertence uma obra com base em suas características predominantes que
possibilitam o agrupamento por semelhanças.
Considerando a classificação dos gêneros literários, assinale V para as afirmativas verdadeiras e F para as
falsas.
( ) Gênero lírico caracteriza-se pela manifestação do eu-interior do poeta e pela exposição de sua subjetividade de
sentimentos e emoções vivenciados em seu mundo íntimo.
( ) Gênero dramático caracteriza-se pela narração (em versos) de grandes feitos históricos em textos em que a
presença de um herói representa a força do coletivo.
( ) Gênero épico caracteriza-se por textos escritos para serem encenados em que o autor utiliza o discurso direto
e dá voz a seus personagens sem a intermediação de um narrador.
Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:
Texto associado.
TEXTO 2
Em Busca de Novas Armas Contra o
Aedes Aegypt
38 O infectologista Rivaldo Venâncio da Cunha já
39 foi diagnosticado com dengue duas vezes.
40 Nenhuma surpresa. O coordenador de
41 Vigilância em Saúde e Laboratórios de
42 Referência da Fundação Oswaldo Cruz
43 (Fiocruz) e professor da Medicina da
44 Universidade Federal do Mato Grosso do Sul
45 vive no Brasil, país castigado pela doença nas
46 últimas três décadas e por outras também
47 transmitidas pelo Aedes aegypt. Essas
48 epidemias, explica o pesquisador nesta
49 entrevista, devem continuar décadas adiante:
50 “Ainda utilizamos o modelo de controle do
51 mosquito que foi exitoso há 110 anos com
52 Oswaldo Cruz”. Nem as águas de março que
53 acabaram de fechar o verão são promessa de
54 uma trégua. “Temos observado que, em
55 algumas localidades do Brasil, o padrão de
56 ocorrência da dengue tem se mantido estável
57 mesmo fora do verão. Isso aponta o óbvio: a
58 população e as autoridades sanitárias têm de
59 atuar durante todo o ano, e não somente no
60 verão. Infelizmente, isso não ocorre em um
61 padrão homogêneo”, ensina Cunha, que
62 comemora, no entanto, abordagens
63 promissoras para o controle do mosquito e vê
64 uma melhora da vigilância nas últimas
65 décadas.
66 Ciência Hoje: O Brasil sofreu
67 recentemente com grandes surtos de
68 dengue, zika e febre amarela. Devemos
69 esperar novos surtos em breve? O que
70 dizem os dados epidemiológicos?
71 Rivaldo Venâncio da Cunha: As doenças
72 transmitidas pelo Aedes continuarão ocorrendo
73 nos próximos 20 ou 30 anos. Por que
74 continuarão ocorrendo? Porque utilizamos o
75 modelo de controle do mosquito que foi
76 exitoso há 110 anos com Oswaldo Cruz e,
77 depois, com Clementino Fraga e outros. Se
78 não houver uma nova abordagem para
79 controle do vetor, continuaremos tendo
80 epidemias, porque, infelizmente, as questões
81 estruturais da sociedade permanecem
82 praticamente inalteradas. Essa bárbara
83 segregação social que o Brasil tem,
84 esse apartheid social, que é fruto de séculos,
85 criou condições para haver comunidades
86 extremamente vulneráveis, onde a coleta do
87 lixo, quando existe, é feita de forma
88 inadequada, e nas quais o fornecimento de
89 água é irregular. São lugares onde o Estado
90 inexiste. Há comunidades em que policiais não
91 podem entrar a qualquer hora, imagine um
92 agente de controle de vetores. Essa
93 complexidade urbana não aparenta que será
94 modificada nos próximos anos.
CUNHA, Rivaldo Venâncio da. Em Busca de Novas Armas
Contra o Aedes Aegypt. Ciência Hoje, São Paulo, n.353, abr.
2019. Entrevista concedida a Valquíria Daher. Disponível
em: http://cienciahoje.org.br/artigo/em-busca-de-novasarmas-contra-o-aedes-aegypt/.
Acessado em 27 de abril de 2019. 
A entrevista marca-se como uma das formas de obtenção de fontes para notícias e reportagens a partir dos dados e argumentos expostos pelo(a) entrevistado(a). Em relação ao texto 2, é correto afirmar que a tese expressa pelo infectologista sobre os motivos da permanência das doenças provocadas pelo mosquito Aedes aegypt corresponde