“A explicação de que foi a ‘ideia’ de independência que
constituiu a força propulsora da renovação que se operava no seio
da colônia parece, no mínimo, arriscada. Mais coerente com os
acontecimentos é que as várias ideias de ‘se livrar’ do português
comerciante ou taberneiro, bem como outras que também se
agitavam, embora fossem menos faladas, tais como a libertação
dos escravos, a supressão das barreiras de cor e de classe, não
fossem mais que reflexos, no pensamento dos indivíduos, de
situações objetivas, exteriores a seu cérebro, situações que estão
nos fatos, nas relações e oposições dos indivíduos entre si: o
senhor de engenho ou fazendeiro devedor que é perseguido pelo
comerciante português credor; o pés-descalço que o comerciante
português não quer como vendedor; o mulato que o branco exclui
da maior parte das funções e o despreza, o humilha; o agricultor
pobre que se sente espoliado pelo senhor de engenho que mói sua
cana; o escravo que se quer libertar...”
PRADO JUNIOR, C. Formação do Brasil contemporâneo. São Paulo:
Brasiliense, 2000, p. 387 (Texto adaptado)
A orientação filosófica dessa interpretação do filósofo e historiador
brasileiro Caio Prado Junior (1907-1990) acerca da declaração
formal da independência brasileira, em 1822, é
a) idealista, pois reconhece o papel das ideias nos
acontecimentos históricos.
b) materialista histórico, pois diz que as ideias se formam nas
relações sociais.
c) empirista, pois os fatos empíricos constituem as ideias na
mente humana.
d) racionalista, pois mostra que os homens agem com ideias
claras e evidentes.