Realizamos um estudo de índole exploratória, com convertidos à Seicho-no-iê, religião japonesa do grupo
das "novasreligiões". Nossossujeitos eram jovens e adultos, de ambos ossexos, brasileiros de origem não
oriental. Dada a notável diferença de crenças e práticas da Seicho-no-iê, queríamos investigar a dinâmica
pessoal e social presente no fato da conversão. Os resultados principais do estudo apontaram algumas
características ligadas à personalidade que permitem descrever o adepto brasileiro, jovem ou adulto,
do sexo masculino ou feminino, como alguém outrora mortificado e diminuído pela consciência de ser
pecador e pela representação de Deus como distante e arbitrário.
Sentir-se pecador incluía não só profundo sentimento de culpa, mas também desestima pessoal.
Nos jovens, a desestima se prolongava em desânimo, por não contarem com recursos psicológicos
amadurecidos e por sentirem contrariada a tendência à realização pessoal e profissional. Nos adultos,
revelava-se na crítica rememorativa ao negativismo católico perante a vida. A Seicho-no-iê, ao contrário da
experiência relatada pelos adeptos com sua religião anterior, é uma religião otimista: traz uma mensagem
que lisonjeia os desejos de autovalorização e segurança e que, por isso, pode ser acolhida como clara e
explicativa, apesar de seus enunciados não serem cognitivamente evidentes.
PAIVA, G. J. de. Algumas relações entre psicologia e religião. Revista Psicologia USP , v. 1, n. 1, 1990 (adaptado).
Sobre a relação entre psicologia e religião, abordada no texto, avalie as afirmações a seguir.
I. A psicologia da religião busca compreender o fenômeno religioso a partir dos aspectos subjetivos
das experiências religiosas e das relações entre psique e religião.
II. O trânsito religioso, característico da modernidade, é facultado pela mobilidade inerente às
sociedades plurais e, em grande medida, é propiciado também pela opção por religiões que
satisfaçam determinadas necessidades.
III. A psicologia da religião permite apreender os processos subjetivos que marcam os sujeitos
religiosos em suas dinâmicas de relação com o fenômeno religioso, que são passíveis de redução
a um único fator.
É correto o que se afirma em
a) I, apenas.
b) III, apenas.
c) I e II, apenas.
d) II e III, apenas.
e) I, II e III.