“Há quinze anos (...) fiz a pergunta: o que
sabemos das mulheres [medievais]? (...) tratei
de descobrir, no meio de todos os vestígios
deixados pelas damas do século XII. Apreciava-as. Sabia bem que não veria nada de seu rosto,
de seus gestos, de sua maneira de dançar, de
rir, mas esperava perceber alguns aspectos de
sua conduta, o que pensavam de si próprias,
do mundo e dos homens. Não entrevi mais que
sombras, vacilantes, inapreensíveis. Nenhuma
de suas palavras me chegou diretamente.”
DUBY, Georges. Eva e os padres. São Paulo: Cia das Letras, 2001, p. 167
“(...) não há camponês nem mundo rural na
literatura dos séculos V e VI [embora] a realidade
mais profunda da história da Alta Idade Média
Ocidental [seja a da] ruralização da economia
e da sociedade. (...) Os atores desse fenômeno
primordial não aparecem na literatura da época
[senão] sob diversos disfarces.”
LE GOFF, Jacques. Para um novo conceito de Idade Média. Petrópolis: Vozes, 2013,
pp. 168-169. Adaptado.
• Uma das explicações possíveis para que os medievalistas obtenham informações indiretas sobre
as mulheres e encontrem os camponeses “disfarçados” é que:
a) Os documentos feitos pelas mulheres, embora abundantes, não tratam de muitos aspectos da vida cotidiana
e os camponeses só faziam registros ligados à produção.
b) As mulheres e os camponeses eram desconsiderados numa sociedade que valorizava a guerra, e na qual
apenas a nobreza laica produzia os registros do cotidiano.
c) Os documentos dessa época foram produzidos por clérigos, que monopolizavam a escrita, e deixaram
registrada a visão que possuíam sobre a sociedade da época.
d) As mulheres da Igreja viviam separadas do mundo, não tinham informações sobre a vida cotidiana de outras
mulheres nem dos camponeses para registrar.