Questões de Enem e Vestibulares: UERJ

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A lactose é hidrolisada no leite “sem lactose”, formando dois carboidratos, conforme a equação química:
lactose + água ? glicose + galactose

Se apenas os carboidratos forem considerados, o valor calórico de 1 litro tanto do leite integral quanto do leite
“sem lactose” é igual a -90 kcal, que corresponde à entalpia-padrão de combustão de 1 mol de lactose.
Assumindo que as entalpias-padrão de combustão da glicose e da galactose são iguais, a entalpia de combustão
da glicose, em kcal/mol, é igual a
Durante a Segunda Guerra Mundial, um cientista dissolveu duas medalhas de ouro para evitar que fossem confiscadas pelo exército nazista. Posteriormente, o ouro foi recuperado e as
medalhas novamente confeccionadas.
As equações balanceadas a seguir representam os processos de dissolução e de recuperação das medalhas.
                                                    Dissolução
Au (s) +3 HNO3 (aq) + 4 HCl (aq) ? HAuCl4 (aq) + 3 H2 O (l) + 3 NO2 (g)
                                                  Recuperação
3 NaHSO3 (aq) + 2 HAuCl4 (aq) + 3 H2 O (l) ? 3 NaHSO4 (aq) + 8 HCl (aq) + 2 Au (s)
Admita que foram consumidos 252 g de HNO3 para a completa dissolução das medalhas.
Nesse caso, a massa, de NaHSO3, em gramas, necessária para a recuperação de todo o ouro corresponde a:
Texto associado.
  Pietro Brun, meu tetravô paterno, embarcou em um navio no final do século 19, como tantos
        italianos pobres, em busca de uma utopia que atendia pelo nome de América. Pietro queria
        terra, sim. Mas o que o movia era um território de outra ordem. Ele queria salvar seu nome,
        encarnado na figura de meu bisavô, Antônio. Pietro fora obrigado a servir o exército como
5      soldado por anos demais (...). Havia chegado a hora de Antônio se alistar, e o pai decidiu que
        não perderia seu filho. Fugiu com ele e com a filha Luigia para o sul do Brasil. Como desertava,
        meu bisavô Antônio foi levado em um bote até o navio que já se afastava do porto de Gênova.
        Embarcou como clandestino.
       Ao desembarcar no Brasil, em 10 de fevereiro de 1883, Pietro declarou o nome completo.
10   O funcionário do Império, como aconteceu tantas e tantas vezes, registrou-o conforme ouviu.
        Tornando-o, no mundo novo, Brum – com “m”. Meu pai, Argemiro, filho de José, neto de
        Antônio e bisneto de Pietro, tomou para si a missão de resgatar essa história e documentá-la.
        No início dos anos 1990 cogitamos reivindicar a cidadania italiana. Possuímos todos os
        documentos, organizados numa pasta. Mas entre nós existe essa diferença na letra. Antes de
15    ingressar com a documentação, seria preciso corrigir o erro do burocrata do governo imperial
        que substituiu um “n” por um “m”. Um segundo ele deve ter demorado para nos transformar,
        e com certeza morreu sem saber. E, se soubesse, não teria se importado, porque era apenas o
        nome de mais um imigrante a bater nas costas do Brasil despertencido de tudo.
        Cabia a mim levar essa empreitada adiante.
20    Há uma autonomia na forma como damos carne ao nosso nome com a vida que construímos – e
        não com a que herdamos. (...) Eu escolho a memória. A desmemória assombra porque não a
        nomeamos, respira em nossos porões como monstros sem palavras. A memória, não. É uma
        escolha do que esquecer e do que lembrar – e uma oportunidade de ressignificar o passado
        para ganhar um futuro. Pela memória nos colocamos não só em movimento, mas nos tornamos
25    o próprio movimento. Gesto humano, para sempre incompleto.
        Ao fugir para o Brasil, metade dos Brun ganhou uma perna a mais. O “n” virou “m”. Mas essa
        perna a mais era um membro fantasma, um ganho que revelava uma perda.
        (...)
        Quando Pietro Brun atravessou o mar deixando mortos e vivos na margem que se distanciou, ele
        não poderia ser o mesmo ao alcançar o outro lado. Ele tinha de ser outro, assim como nós, que
30    resultamos dessa aventura desesperada. Era imperativo que ele fosse Pietro Brum – e depois
        até Pedro Brum.
ELIANE BRUM
Meus desacontecimentos: a história da minha vida co
Ao fugir para o Brasil, metade dos Brun ganhou uma perna a mais. O “n” virou “m”. Mas essa perna a mais era um membro fantasma, um ganho que revelava uma perda. (l. 26-27) 
A autora associa a troca de letras no registro do sobrenome de seu tetravô à expressão um membro fantasma. Essa associação constrói um exemplo da figura de linguagem denominada: 
Texto associado.
Soneto de separação
De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
3 E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.
De repente da calma fez-se o vento
6 Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama.
9 De repente, não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente.
12 Fez-se do amigo próximo o distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente.
Na terceira estrofe (v. 9-11), a seleção vocabular evidencia a passagem de um estado emocional a outro por parte
do poeta.
A partir dessa seleção, os estados emocionais por que passa o poeta podem ser definidos como:
Texto associado.
O poder criativo da imperfeição 


Já escrevi sobre como nossas teorias científicas sobre o mundo são aproximações de uma
realidade que podemos compreender apenas em parte. Nossos instrumentos de pesquisa, que
tanto ampliam nossa visão de mundo, têm necessariamente limites de precisão. Não há dúvida de
que Galileu, com seu telescópio, viu mais longe do que todos antes dele. Também não há dúvida
5 de que hoje vemos muito mais longe do que Galileu poderia ter sonhado em 1610. E certamente,
em cem anos, nossa visão cósmica terá sido ampliada de forma imprevisível.
No avanço do conhecimento científico, vemos um conceito que tem um papel essencial: simetria.
Já desde os tempos de Platão, há a noção de que existe uma linguagem secreta da natureza, uma
matemática por trás da ordem que observamos.
10 Platão – e, com ele, muitos matemáticos até hoje – acreditava que os conceitos matemáticos
existiam em uma espécie de dimensão paralela, acessível apenas através da razão. Nesse caso,
os teoremas da matemática (como o famoso teorema de Pitágoras) existem como verdades
absolutas, que a mente humana, ao menos as mais aptas, pode ocasionalmente descobrir. Para os
platônicos, a matemática é uma descoberta, e não uma invenção humana.
15 Ao menos no que diz respeito às forças que agem nas partículas fundamentais da matéria, a busca
por uma teoria final da natureza é a encarnação moderna do sonho platônico de um código secreto
20 da natureza. As teorias de unificação, como são chamadas, visam justamente a isso, formular todas
as forças como manifestações de uma única, com sua simetria abrangendo as demais.
Culturalmente, é difícil não traçar uma linha entre as fés monoteístas e a busca por uma unidade
da natureza nas ciências. Esse sonho, porém, é impossível de ser realizado.
Primeiro, porque nossas teorias são sempre temporárias, passíveis de ajustes e revisões futuras.
Não existe uma teoria que possamos dizer final, pois nossas explicações mudam de acordo com
o conhecimento acumulado que temos das coisas. Um século atrás, um elétron era algo muito
diferente do que é hoje. Em cem anos, será algo muito diferente outra vez. Não podemos saber
25 se as forças que conhecemos hoje são as únicas que existem.
Segundo, porque nossas teorias e as simetrias que detectamos nos padrões regulares da natureza
são em geral aproximações. Não existe uma perfeição no mundo, apenas em nossas mentes. De
fato, quando analisamos com calma as “unificações” da física, vemos que são aproximações que
funcionam apenas dentro de certas condições.
30 O que encontramos são assimetrias, imperfeições que surgem desde as descrições das
propriedades da matéria até as das moléculas que determinam a vida, as proteínas e os ácidos
nucleicos (RNA e DNA). Por trás da riqueza que vemos nas formas materiais, encontramos a força
criativa das imperfeições.
MARCELO GLEISER
Adaptado de Folha de São Paulo, 25/08/2013. 

Marcelo Gleiser sustenta que a ciência descreve a realidade por meio de uma série de aproximações. Desse modo, ele recusa a compreensão de que o objetivo da ciência seja estabelecer: 
Os dois-pontos podem delimitar uma relação entre uma expressão e a especificação de seu sentido.
Observa-se esse uso dos dois-pontos no trecho apresentado em:
A população de uma espécie animal fica multiplicada pelo mesmo fator após intervalos de tempo iguais. No
período de 1984 a 1996, essa população passou de 12500 para 25000 indivíduos. Considere que, para o mesmo
intervalo de tempo nos anos seguintes, o fator permanece constante.
O número de indivíduos dessa população em 2032 será aproximadamente igual a:
Texto associado.
Soneto do Corifeu*
São demais os perigos desta vida
Para quem tem paixão, principalmente
3 Quando uma lua surge de repente
E se deixa no céu, como esquecida.
E se ao luar que atua desvairado
6 Vem se unir uma música qualquer
Aí então é preciso ter cuidado
Porque deve andar perto uma mulher.
9 Deve andar perto uma mulher que é feita
De música, luar e sentimento
E que a vida não quer, de tão perfeita.
12 Uma mulher que é como a própria Lua:
Tão linda que só espalha sofrimento
Tão cheia de pudor que vive nua.
* Corifeu: personagem sempre presente no antigo teatro grego. 
Os dois primeiros versos do soneto sugerem uma advertência dirigida aos apaixonados.
Com base na leitura do poema, essa advertência se baseia no pressuposto de que a paixão é capaz de provocar
estado de:
Texto associado.
Há alguns meses fui convidado a visitar o Museu da Ciência de La Coruña, na Galícia. Ao final da
visita, o curador1  anunciou que tinha uma surpresa para mim e me conduziu ao planetário2.  Um
planetário sempre é um lugar sugestivo, porque, quando se apagam as luzes, temos a impressão
de estar num deserto sob um céu estrelado. Mas naquela noite algo especial me aguardava.
5 De repente a sala ficou inteiramente às escuras, e ouvi um lindo acalanto de Manuel de Falla.
Lentamente (embora um pouco mais depressa do que na realidade, já que a apresentação durou
ao todo quinze minutos) o céu sobre minha cabeça se pôs a rodar. Era o céu que aparecera
sobre minha cidade natal – Alessandria, na Itália – na noite de 5 para 6 de janeiro de 1932,
quando nasci. Quase hiper-realisticamente vivenciei a primeira noite de minha vida.
10 Vivenciei-a pela primeira vez, pois não tinha visto essa primeira noite. Provavelmente nem minha
mãe a viu, exausta como estava depois de me dar à luz; mas talvez meu pai a tenha visto,
ao sair para o terraço, um pouco agitado com o fato maravilhoso (pelo menos para ele) que
testemunhara e ajudara a produzir.
O planetário usava um artifício mecânico que se pode encontrar em muitos lugares. Outras
15 pessoas talvez tenham passado por uma experiência semelhante. Mas vocês hão de me perdoar
se durante aqueles quinze minutos tive a impressão de ser o único homem desde o início dos
tempos que havia tido o privilégio de se encontrar com seu próprio começo. Eu estava tão feliz
que tive a sensação – quase o desejo – de que podia, deveria morrer naquele exato momento
e que qualquer outro momento teria sido inadequado. Teria morrido alegremente, pois vivera a
20 mais bela história que li em toda a minha vida.
Talvez eu tivesse encontrado a história que todos nós procuramos nas páginas dos livros e nas
telas dos cinemas: uma história na qual as estrelas e eu éramos os protagonistas. Era ficção
porque a história fora reinventada pelo curador; era História porque recontava o que acontecera
no cosmos num momento do passado; era vida real porque eu era real e não uma personagem
de romance.
UMBERTO ECO
Adaptado de Seis passeios pelos bosques da ficção. Tradução: Hildegard Feist. São Paulo: Companhia das Letras, 1994.
Umberto Eco narra, no segundo parágrafo do texto, uma experiência surpreendente que vivenciou. Pode-se compreender essa experiência pela relação que se estabelece entre os seguintes elementos:
Texto associado.
Vivemos num mundo confuso e confusamente percebido. De fato, se desejamos escapar à crença
de que esse mundo assim apresentado é verdadeiro, e não queremos admitir a permanência
de sua percepção enganosa, devemos considerar a existência de pelo menos três mundos num
só. O primeiro seria o mundo tal como nos fazem vê-lo: a globalização como fábula. O segundo
5 seria o mundo tal como ele é: a globalização como perversidade. E o terceiro, o mundo como
ele pode ser: uma outra globalização.
Este mundo globalizado, visto como fábula, constrói como verdade um certo número de
fantasias. Fala-se, por exemplo, em aldeia global para fazer crer que a difusão instantânea de
notícias realmente informa as pessoas. A partir desse mito e do encurtamento das distâncias
10 – para aqueles que realmente podem viajar – também se difunde a noção de tempo e espaço
contraídos. É como se o mundo houvesse se tornado, para todos, ao alcance da mão. Um
mercado avassalador dito global é apresentado como capaz de homogeneizar o planeta quando,
na verdade, as diferenças locais são aprofundadas. O mundo se torna menos unido, tornando
também mais distante o sonho de uma cidadania de fato universal. Enquanto isso, o culto ao
15 consumo é estimulado.
Na verdade, para a maior parte da humanidade, a globalização está se impondo como uma
fábrica de perversidades. O desemprego crescente torna-se crônico. A pobreza aumenta e as
classes médias perdem em qualidade de vida. O salário médio tende a baixar. A fome e o
desabrigo se generalizam em todos os continentes. Novas enfermidades se instalam e velhas
20 doenças, supostamente extirpadas, fazem seu retorno triunfal.
Todavia, podemos pensar na construção de um outro mundo, mediante uma globalização
mais humana. As bases materiais do período atual são, entre outras, a unicidade da técnica,
a convergência dos momentos e o conhecimento do planeta. É nessas bases técnicas que o
grande capital se apoia para construir a globalização perversa de que falamos acima. Mas essas
25 mesmas bases técnicas poderão servir a outros objetivos, se forem postas a serviço de outros
fundamentos sociais e políticos.
MILTON SANTOS
Adaptado de Por uma outra globalização: do pensamento único à consciência universal. Rio de Janeiro: Record, 2004.
Fala-se, por exemplo, em aldeia global para fazer crer que a difusão instantânea de notícias realmente informa as pessoas. (l. 8-9) 
Ao empregar a expressão destacada neste trecho, o autor indica sua discordância em relação a uma ideia difundida como verdade inquestionável. Outra expressão empregada com a mesma finalidade está destacada em: