O texto a seguir foi publicado no Diário do Nordeste , antes de deflagrada a guerra entre Rússia e Ucrânia.
Uma ameaça de guerra entre Rússia e Ucrânia veio à tona. Moscou vem sendo acusado de preparar uma invasão
militar ao vizinho pró-ocidente. O país mobilizou mais de 100.000 soldados na fronteira com a Ucrânia, o que
gera temores de uma invasão iminente.
A rivalidade entre os países tem raízes históricas. Rússia e Ucrânia compartilham como origem o chamado Rus
de Kiev, um principado que existiu entre os séculos IX e XIII. Essa entidade abrangia a Rússia contemporânea,
a Ucrânia e Belarus. Moscou considera esta área como seu berço.
Donbass, onde está localizada uma bacia mineira e industrial, é economicamente vital para a Ucrânia. A região
fica ao leste do país e é o epicentro do conflito entre as forças de Kiev e os separatistas pró-russos apoiados por
Moscou desde 2014.
Uma batalha cultural entre Kiev e Moscou também está no centro do conflito. Há argumentos de que a região,
juntamente com grande parte do leste da Ucrânia, é povoada por uma população de língua russa que precisa ser
protegida do nacionalismo ucraniano.
Segundo informações da agência de notícias AFP, a russofilia da região deve-se, no entanto, à russificação
forçada e ao repovoamento da região após a Segunda Guerra Mundial, com a chegada de centenas de milhares
de trabalhadores russos.
https://diariodonordeste.verdesmares.com.br/ultima-hora/mundo/russia-e-ucrania-entenda-a-rivalidade-e-o-risco-de-guerra-entre-paises-1.3184974
O expansionismo russo sobre a Ucrânia coloca a União Europeia-UE em uma situação paradoxal e de conflito
de interesses, uma vez que
a) os países da UE estão unanimemente a favor da democracia ucraniana, pois dependem dela para abastecer
seu mercado em mais de 50% com automóveis lá montados, computadores e bens da linha branca, além
de dependerem da importação do gás russo, responsável por 30% das necessidades europeias.
b) a UE depende do gás natural russo e de uma balança comercial favorável a ela, sobretudo a Alemanha, por
isso deve combater o sonho de Vladimir Putin em construir uma União Eurasiana - que inclua Rússia,
Ucrânia, Belarus e Cazaquistão -, competindo com a influência da UE, sobretudo, no Leste Europeu.
c) a Rússia, apossando-se da Ucrânia, constrói a União Eurasiana, mantendo a supremacia sobre o transporte
de hidrocarbonetos na Europa, porque por lá passam gasodutos e oleodutos essenciais na distribuição
eurasiana, o que coloca a UE do lado russo na questão ucraniana.
d) a UE, tendo assinado um tratado de livre comércio com a Ucrânia, posto em prática paulatinamente a partir
de 2016, garante a ocidentalização ucraniana, dependendo do mercado russo para seu petróleo do mar do
norte e do gás mediterrâneo.
e) a Rússia que invadiu a Crimeia, em 2010, é exportadora de bens de consumo industriais essenciais à UE,
sendo em contrapartida, o maior comprador de gás natural abundante no mar Mediterrâneo.