No diálogo platônico Sofista, os personagens Teeteto e
Estrangeiro conversam sobre o que é o sofista , chegando à tese
de que seu discurso é um simulacro, uma cópia falsa do real. No
entanto, essa tese conduziria os interlocutores a umadificuldade, segundo o Estrangeiro, que a explica nos seguintes
termos. “É que, realmente, jovem feliz, nos vemos frente a uma questão
extremamente difícil. Afinal, mostrar e parecer sem ser, dizer
algo, entretanto, sem dizer com verdade, são maneiras que
trazem grande dificuldades... Que modo encontrar, na
realidade, para dizer ou pensar que o falso é real sem que, já ao
dizer isso, nos encontramos enredados numa contradição? [...]
A audácia dessa afirmação é supor o não ser como ser; e, na
realidade, nada pode ser dito falso sem esta condição”. PLATÃO. Sofista, 236e-237-a. São Paulo: Abril Cultural, 1972. Coleção Os
Pensadores (Texto adaptado). Segundo o Estrangeiro, a dificuldade dessa afirmação, sua
contradição inicial, a ser elucidada na continuidade do diálogo,
estaria em que
a) não é possível dizer que algo é falso, pois, por definição, o
falso não é.
b) se o falso existir, é preciso abandonar a tese de que o ser
é e o não-ser não é.
c) se diria, simultaneamente, que o falso não é falso, pois o
que é não seria.
d) seria preciso admitir que o falso, de algum modo, é; mas o
não ser não é.