Leia o fragmento a seguir:
“A revolta já tinha mais de quatro meses de vida e as vantagens do governo eram problemáticas. No Sul, a
insurreição chegava às portas de São Paulo, e só a Lapa resistia tenazmente, uma das poucas páginas dignas e
limpas de todo aquele enxurro de paixões. A pequena cidade tinha dentro de suas trincheiras o Coronel Gomes
Carneiro, uma energia, uma vontade, verdadeiramente isso, porque era sereno, confiante e soube tornar verdade
a gasta frase grandiloquente: resistir até a morte.
A ilha do Governador tinha sido ocupada e Magé tomado; os revoltosos, porém, tinham a vasta baía e a barra
apertada, por onde saíam e entravam, sem temer o estorvo das fortalezas.
As violências, os crimes que tinham assinalado esses dois marcos de atividade guerreira do governo,
chegavam ao ouvido de Quaresma e ele sofria.
Da ilha do Governador fez-se uma verdadeira mudança de móveis, roupas e outros haveres. O que não podia
ser transplantado era destruído pelo fogo e pelo machado.
A ocupação deixou lá a mais execranda memória e até hoje os seus habitantes ainda se recordam
dolorosamente de um capitão, patriótico ou da guarda nacional, Ortiz, pela sua ferocidade e insofrido gosto pelo
saque e outras vexações”.
Fonte: BARRETO, Lima. Triste fim de Policarpo Quaresma. Rio de Janeiro. Bestbolso. 2013. p. 211.